terça-feira, 23 de fevereiro de 2016


‘’Morte cerebral’’ x Estado vegetativo : Qual a diferença?

     É válido ressaltar que o termo "morte encefálica" é mais adequado do que "morte cerebral". Isso, porque o termo possui uma maior amplitude anatômica, uma vez que o encéfalo é formado pelo cérebro, tronco encefálico e cerebelo. O termo "morte cerebral" restringe-se somente ao cérebro, o qual é apenas a porção superior do encéfalo e por ser uma palavra mais conhecida, cérebro, o termo "morte cerebral" acabou se popularizando nos meios fora da área da saúde e adotado como sinônimo de "morte encefálica’’ .
    É um quadro em que as funções cerebrais (telencéfalo e diencéfalo) e do tronco encefálico estão mortos , mas o restante do corpo esta vivo (até a parada cardíaca e a falência dos demais orgãos) e apto a ser doado . O diagnóstico de morte encefálica no Brasil deve ser feito por, pelo menos, dois médicos e está normatizada pela Resolução 1.480/97 do Conselho Federal de Medicina. Segue um rigoroso protocolo que avalia o comando verbal, visual ou estímulo doloroso, o que tecnicamente corresponde ao nível 3 da Escala de Coma de Glasgow( escala neurológica para detectar o nível de consciência de uma pessoa).







Critérios relevantes:

      Parada total e irreversível das funções encefálicas de causa conhecida e constatada de modo indiscutível, caracterizada por coma aperceptivo, com ausência de resposta motora supra-espinhal e apnéia.

Realidade Brasileira :
        
    Infelizmente, mesmo com a irreversibilidade do quadro decorrente a usência de todas as funções neurológicas é comum pessoas optarem por não doarem os órgãos de seus familiares por medo de interromper a vida deste. Isso, demostra que uma parcela considerável da população não é familiarizada com o assunto. Outra problema recorrente é a falta de notificação de morte encefálica por insegurança e por despreparo da equipe de saúde, permitindo que 70% dos órgãos aptos a serem doados sejam desperdiçados. Nessa perspectiva, cabe aos médicos e aos demais profissionais da saúde não apenas a aptidão para um diagnostico correto, mas a clareza ao explicar situação do quadro e a importância da doação de órgãos.




Estado vegetativo :

         Como o proprio nome diz é um ''estado'', não um prognóstico definitivo.  Assim por mais delicado que seja o quadro não é tão irrefutável como a morte encefálica. Isso, porque diferentemente da morte encefálica, a pessoa em estado vegetativo está viva. As funções do tronco cerebral, como a respiração e a circulação permanecem, mas não as funções corticais superiores. Por essa razão, o paciente em estado vegetativo perde a função cognitiva , mas não a capacidade de despertar. Assim, consegue executar as funções fisiológicas , abrir os olhos, dormir e acordar , mas sem responder aos estímulos externos e ter consciência dessas ações. A situação pode ser agravada com o decorrer de quadro semanas , umas vez que o quadro passa a ser considerado EVP (Estado vegetativo persistente). Seu diagnostico ,também, requer um rigoroso protocolo que avalia o comando verbal, visual ou estímulo doloroso com base na Escala de Glascow. 

Paciente Vegetativo :

    Deve ser tratado com um paciente normal sendo assegurado o direito fundamental á vida e a medidas de saúde em prol da melhora do seu quadro como higiene, nutrição e medicação. Além disso o paciente requer não apenas uma equipe de saúde atenciosa, mas ,principalmente, a participação da família nesses cuidados diários para diminuir um pouco o isolamento e o sofrimento diário.

Publicado por Ingrid Andrade de Meneses.

https://www.youtube.com/watch?v=XVUDkQY-Fi4
file:///C:/Users/usuario/Downloads/resolu%C3%A7%C3%A3o%20292.pdf
MACHADOAngelo B.M
 GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed

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