quinta-feira, 12 de maio de 2016

Megacólon

O termo megacólon, por consagração, é usado para designar a dilatação e o alongamento do intestino grosso, fundamentalmente devido a alterações da inervação intrínseca dessa víscera, com os conseqüentes distúrbios morfológicos e funcionais.
Com essa definição e com o fator etiopatogenético, o megacólon pode ser congênito (doença de Hirschsprung) e adquirido (de natureza tóxica ou estar associado a outras doenças como 
hipotireoidismo, doença de chagas, etc).
Para entender um pouco mais sobre a fisiopatologia do megacólon, vamos nos deter a fisiologia da motricidade do intestino grosso e como ela se dá:
A motricidade (peristaltismo) do intestino é controlada por estruturas nervosas de características distintas que são o sistema nervoso intrínseco (SNI) e o sistema nervoso extrínseco (SNE).






a. SNI (sistema nervoso intrínseco)
Como em todo o tudo digestivo, anatomicamente o SNI é constituído por plexos situados na submucosa (plexo de Meissner e de Henle) e na túnica muscular (plexo de Auerbach). Esses neurônios são neurônios excitadores (colinérgicos), inibidores (adrenérgicos) e neurônios excitadores e inibidores não adrenérgicos ou não colinérgicos, denominados de purinérgicos e que têm como mediadores o ATP e o VIP (polipeptídio intestinal vasoativo). Para o EAI os neurônios purinérgicos são inibidores. A atividade tônica persistente do EAI, deve-se, também, a atividade intrínseca (miogênica), além da atividade da inervação extrínseca.


b. SNE (sistema nervoso extrínseco)
b1. Simpático
O comando nervoso simpático é inibidor para o reto. A noradrenalina liberada inibe a atividade tônica do reto e promove a excitação do esfíncter anal interno, por ação direta da noradrenalina nos receptores alfa das fibras musculares lisas do esfíncter anal interno.

b2. Parassimpático
O reto e o EAI são inervados por centros parassimpáticos sacrais (S1-S3). No reto, as fibras fazem sinapses com neurônios intramurais colinérgicos excitadores e com neurônios purinérgicos inibidores. A via excitadora, que reforça uma contração sempre presente no reto, tem papel essencial na atividade propulsiva desse segmento do intestino grosso.
   Assim, o sistema nervoso parassimpático, essencialmente excitador para o reto, é inibidor para o EAI, porém de forma não relevante.
  




No megacólon congênito, presente desde o nascimento, ocorre um defeito genético em que partes do intestino grosso não recebem as terminações nervosas acima citadas, que controlam as contrações intestinais. Como consequência, os movimentos peristálticos não se dão e as fezes ficam retidas no intestino, ao invés de se encaminharem em direção ao ânus. No megacólon chagásico, por exemplo, a dilatação do cólon ocorre devido à destruição irreversível dos plexos nervosos de parte da musculatura intestinal, o que leva à perda de peristaltismo e a uma dificuldade de funcionamento dos esfíncteres.
Quais são os principais sinais e sintomas do megacólon?
Os principais sinais e sintomas do megacólon são uma prisão de ventre crônica e progressiva que exige cada vez doses maiores de laxativos, até se tornar não responsiva a eles e uma distensão abdominal, que quando muito evoluída, pode levar à ocorrência de vômitos fecais, em razão de um refluxo de fezes.
Como o médico diagnostica o megacólon?
A suspeita diagnóstica pode ser feita por meio da história clínica e um diagnóstico de maior certeza pode ser feito por meio de uma colonoscopia que evidenciará a dilatação de parte do intestino grosso. O acúmulo prolongado de fezes pode ocasionar úlceras na mucosa intestinal e pequenos sangramentos, que se tornam visíveis na colonoscopia. Também é usado o enema baritado, em que um contraste é introduzido através do ânus, além de radiografias seriadas.


Como o médico trata o megacólon?
Somente os casos muito leves podem ser tratados clinicamente, por meio de laxativos. O uso de enemas (introdução de líquido no ânus, para lavagem) pode aliviar os sintomas do paciente, mas o uso repetido deles pode lesar a parede intestinal e causar laceração, permitindo que as fezes extravasem para o interior da cavidade abdominal, gerando sepse. O tratamento definitivo do megacólon é feito por meio de cirurgias, seja para realização de uma colostomia (estabelecimento de um orifício na parede abdominal para eliminação das fezes), seja para conectar a porção do intestino normal ao ânus, desprezando a parte doente.



Publicado por Mateus Nogueira silva
Referências:


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